19 dezembro 2015

Foi um daqueles dias


Foi um daqueles dias...

Hoje, foi um daqueles dias em que nossos olhos acompanham por cima das lentes do óculos aquele degradê distante que se estende no céu, ao crepúsculo, onde os últimos feixes de luz visíveis parecem enferrujar as bordas da serra, no horizonte, até que as trevas os absorvam por inteiro.

São dias como estes que trazem as memórias já mortas, ou aquelas que um dia recalquei, de volta à luz da consciência; e me roubam a paz enquanto marejam-me os olhos. Dias estes que me fazem mergulhar em versos na ingênua esperança de libertar aqueles agônicos demônios que um dia criei e ainda me perseguem

Foi um daqueles dias em que olvido do que eu fora um dia, e fazem pensar se, nos tempos vindouros, ainda contemplarei as tardes tristonhas com os mesmos olhos que as contemplo no tempo presente.

Em dias tais, relampejam os momentos de eternidade, e, por breves segundos, sabemos que nada importa, tudo perde seu valor; entretanto, logo que aqueles segundos se esgotam, não sabemos se vivenciamos, naquele instante, um delírio ou alguma iluminação passageira.

Foi um daqueles dias em que desejamos não fazer nada de útil, desejamos apenas nos deixar levar pelas coisas que brotam das idéias, para então escrevê-las. Entretanto, produção literária alguma originada em dias como este nos parece boa o suficiente para compartilhar com alguém mais que as paredes, e logo sucumbem à última gaveta da escrivaninha, vulgarmente conhecida como esquecimento.

Foi um daqueles dias que nunca se repetem;
Foi um daqueles dias....



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